Conclave

Date

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Nov 27, 2024

Nov 27, 2024

Nov 27, 2024

Author

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Guilherme Milek

Guilherme Milek

Guilherme Milek

Editor

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Brenno Franca

Brenno Franca

Brenno Franca

3.0

3.0

Não é um choque que Conclave, de Edward Berger (Nada de Novo no Front) tenha sido um filme abraçado pela crítica estadunidense, visto que ele provavelmente representa ansiedades muito mais ligadas à divisão ideológica dos EUA do que qualquer coisa sobre a igreja católica enquanto instituição.

O único problema: ele não tem muito o que dizer sobre isso. A primeira hora do filme tem um foco quase obsessivo em detalhes protocolares e burocráticos do processo de votação, algo que francamente se torna um tanto desinteressante de assistir depois de um tempo. O que melhor funciona é a atmosfera conspiratória que ronda as interações entre os personagens na segunda hora, não só por ter uma propulsão narrativa de fato, mas por ser mais eficaz para o filme expor suas preocupações através de arquétipos que representam o fascínio pela tradição (que sempre descamba ao fascismo), a inércia liberal e a possibilidade de revolução nessa guerra religiosa, que por si só é política.

É uma pena que o longa pouco faça para colocar esses personagens em rota de colisão ideológica. As contradições estão postas mas o Berger mantém sua abordagem no senso comum, no simplificado, e permanece assim até os seus últimos minutos. É no final que o diretor apresenta sua grande ideia: a de perceber que a identidade de gênero e sexual tem papel fundamental nessa guerra ideológica, como o próprio filme faz questão de dizer em algum momento sobre a função invisível das mulheres ou sobre a homofobia de alguns membros.

Acho potente que o filme coloque em crise o absolutismo desses arquétipos em forma de personagens e busque a mediação politica naquele que é percebido socialmente como incerto: um corpo fora da binariedade, desse absolutismo, capaz de enxergar as contradições históricas e repensar a instituição. É um voto de esperança no futuro que é bonito e intrigante.

Por isso, apesar do Ralph Fiennes ser sempre ótimo, quem rouba a cena mesmo é o Carlos Diehz com o personagem mais fascinante do filme e com as duas melhores cenas do projeto. O que me leva a uma última frustração: ele merecia mais do que ser um twist, por mais que seja uma revelação que redime o filme de terminar sem ter nada muito interessante a dizer.

Conclave 2024
100 minutos
Direção: Edward Berger
Elenco: Ralph Fiennes, Stanley Tucci, John Lithgow, Isabella Rossellini, Lucian Msamati, Carlos Diehz
Roteiro: Peter Straughan

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